EPÍLOGO - A BOCETA DE PANDORA



Tudo gira em torno da boceta. Também pudera, a vida passa pela boceta. Pela boceta a vida entra, pela boceta a vida sai. E, querem ignorar a boceta. Em vão, quem tem a boceta não esquece. Quem não tem não esquece também.
Pandora Mara sente o volume de sua boceta. Sente inchada, sente úmida, sente que parece chiar, sente pela sutil vibração que a boceta inquieta exprime. A sente sempre. Está sempre ali, inchada, chamando a atenção. Os olhos sempre se voltam pra boceta. Pandora imagina que há um elo mental entre os homens e a boceta. Eles se aproximam e primeiro olham pra boceta, e parecem dizer por telepatia “olá, boceta, como vai você?”. Ela responde e se retorce por dentro. Mas, Pandora só vê o olhar, e sente contorcer dos músculos.
Depois disso eles cumprimentam os seios, e só depois cumprimentam a cabeça. Pandora às vezes pensa que é a boceta quem manda, que a mulher é só uma serviçal. Admite, entretanto, e só a si, que não tem coragem de discutir nada disso com ninguém, que é um prazer ter uma boceta. Sente o poder que dela exala. Desde menina percebeu que os homens adoram fazer coceguinhas pelas redondezas, e, à medida que cresce a menina, mais perto as mãos vão chegando, mais concêntrica se torna a área das cócegas, que viram carícias a medida que se desenvolve uma mulher, e na primeira oportunidade, enfiam um dedo. Aprendeu que os homens obedecem a ordens enquanto olham a boceta, que ficam zonzos, que perdem o tino, que se apaixonam, se tornam escravos, e que choram iguais a bebês sem o melhor dos seus brinquedos. Os homens se mostram fortes, mas deitam sobre seus seios e sugam suavemente, e ela sempre vê ali um menino grande, um menino que ficou grande mas não cresceu. Pandora passou a sentir uma espécie de compaixão pelo ser masculino. E decidiu ignorar a boceta. Decidiu tomar posse de si. Acabar com a tirania da boceta. Decidiu, daquele dia em diante, tomar decisões por conta própria, não sempre em prol da boceta. Isto por que aprendeu que uma mulher que não saiba usar o poder que exala, vive de uma complicação a outra. Entra em depressão, desenvolve uma angústia e uma ansiedade profundas.
Não entende o porquê de a natureza dotar de tanta força uma atração assim irracional. Por que Pandora não acredita que uma mulher possa viver sossegada, que possa não estar inquieta o tempo todo. A atração e o efeito sobre os homens é constante e incômoda .
Na incrível mitologia Grega, antiga, (que houve com os gregos?), uma esfinge barrava a única entrada dos homens para uma cidade populosa. E, quem não decifrasse seus enigmas, era devorado por ela. No mito, apenas um homem decifrou um enigma, e a esfinge foi embora deixando de aterrorizar os transeuntes e a cidade, e a resposta era “O Homem”.
Pandora crê piamente que a Esfinge é a Boceta. Pandora tem uma esfinge. Uma esfinge pequena, não, corpulenta, como a que Lion botou pra correr. Mas, não menos perigosa, tanto para os outros quanto para si. A esfinge era sua, não a entregaria mais a ninguém.

Comentários

  1. entre bucetas e cangurus...eu fico com o punhal..que fere..e que consente.

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  2. E se não bem decifrada, essa Esfinge literalmente mata.

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